terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Introdução à Escatologia

O livro do Apocalipse, ou da Revelação, é um dos livros que compõe a Bíblia Sagrada. É o último livro do Novo Testamento. Todo este estudo do Apocalipse foi desenvolvido única e exclusivamente com base na Bíblia Sagrada. A palavra Apocalipse é de origem grega e significa “revelação” conforme podemos ler nos dois primeiros versículos do livro:

Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João, seu servo,
o qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto. (Apoc. 1:1-2)

Portanto estamos diante de uma revelação de Deus, que está sendo dada aos homens, mostrando as coisas que deverão acontecer em um futuro muito próximo.

João estava exilado na ilha de Patmos quando recebeu esta revelação através de um anjo. Este fato aconteceu por volta do ano 95 ou 96 de nossa era, portanto, aproximadamente 60 anos após a morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Desde já queremos chamar a atenção para um detalhe importantíssimo que vai nos auxiliar a entender e interpretar os mistérios desse livro. A revelação foi dada no ano 95 ou 96 e o primeiro versículo diz claramente: "mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer”, portanto, tudo que está descrito no livro são fatos que começaram acontecer a partir daquele ano. Com isso já podemos concluir que hoje estamos vivendo dias apocalípticos, e logo mais, no decorrer do estudo saberemos em que momento do Apocalipse estamos vivendo e o que ainda vem pela frente.

Aconselhamos a todos os que realmente estão interessados em aprender algo sobre o Apocalipse, que leia o livro todo com calma e atenção, pelo menos duas vezes, e se for possível mais vezes antes e durante o estudo, mesmo sem entender a mensagem, pois com isso será mais fácil entender as lições apresentadas.

Nesse estudo não estaremos abordando as teorias teológicas existentes em torno da interpretação deste livro tão polêmico. O estudo será totalmente prático baseado única e exclusivamente na própria Palavra de Deus. Nos seminários e faculdades teológicas são abordadas teorias tais como: milenismo, amilenismo, tribulacionista, pós-tribulacionista, futurista, etc... Estes termos foram abolidos deste estudo.

Toda mensagem contida no livro do Apocalipse é dirigida exclusivamente para a Igreja de Jesus Cristo, tanto é assim, que a revelação dada a João inicia com sete cartas dirigidas a sete igrejas, e no final, a mensagem de Jesus é a seguinte:

Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a resplandecente Estrela da manhã. (Apoc. 22:16)

O principal objetivo dessa mensagem é preparar a Igreja de Cristo para que não venha a participar dos juízos previstos no dia da grande ira de Deus, e isto, evidentemente, requer obediência à Palavra de Deus.

E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela (referindo-se à Babilônia, símbolo do pecado), povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas. (Apoc. 18:4)

Eis que presto venho. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro. (apoc. 22:7)

Tenha em mente que a mensagem desta profecia, como toda profecia divina, é extremamente séria. Não podemos brincar com aquilo que é sagrado. No dia do juízo não haverá tolerância de qualquer espécie.

Logo após Jesus ter subido junto ao Pai, depois da ressurreição, os discípulos atenderam a ordem dada por Jesus de divulgar ao mundo o evangelho da salvação, foi quando começaram a surgir as igrejas Cristãs.

Ocorre, porém, que muitos nunca aceitaram o evangelho de Jesus e sempre houve perseguição contra os que se mantinham fiéis a Ele, quer por motivos políticos, religiosos ou interesses pessoais.

Todos os discípulos e apóstolos de Jesus foram perseguidos, presos, afligidos e mortos. Como conseqüência, as igrejas também sofreram perseguições violentas.

Foi nesse ambiente que o livro do Apocalipse foi escrito. Jesus arrebatou João em espírito, ou seja, João ficou fisicamente com seu corpo aqui na terra e seu espírito foi transportado até o céu, onde lhe foram mostradas as coisas que brevemente deveriam acontecer. (Ap. 1:10 e Ap.1:1).

Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. Apc. 1:10-11

Todas as visões de João foram de forma simbólica. Alguns crêem que as visões de João foram registradas desta forma aparentemente confusa, crendo que ele viu coisas que não conhecia naquela época, então descreveu como bem entendia. Isto seria como que um índio que nunca tivesse visto um avião, o descrevesse como sendo um pássaro de ferro. Esta teoria não faz sentido em nenhum texto da bíblia.

Uma vez Jacó teve uma visão de uma escada que subia ao céu (Gen. 28:12) e Pedro teve uma visão de um vaso como um lençol que descia do céu (Atos. 10:11). Eram visões simbólicas. A escada e o lençol eram símbolos de algo que Deus estava querendo ensinar.

Da mesma forma, João viu o que ele realmente viu e escreveu. Se está escrito que ele viu um cavalo vermelho, ele realmente viu um cavalo vermelho, porém esse cavalo vermelho tem um significado, simboliza algo que Jesus quer revelar a nós. Isto evidentemente não significa que no céu tenha cavalos coloridos, são apenas símbolos. E neste estudo vamos aprender o significado de muitos símbolos descritos no Apocalipse.

A interpretação e o entendimento da mensagem contida não só no Apocalipse, mas de toda a bíblia, depende em primeiro lugar do nosso desejo ardente, sincero e incondicional de conhecer a Palavra de Deus. Depende em segundo lugar da nossa disposição em ouvir, ler, estudar, e meditar na Palavra de Deus.

Se nós fizermos a nossa parte, então o Espírito Santo de Deus irá nos revelar a Sua mensagem no momento oportuno e de acordo com a necessidade de cada um.

Não basta querermos aprender e ficarmos de braços cruzados esperando que a mensagem apareça em nossa mente como que uma mágica, é necessário o nosso empenho para nos alimentarmos da Palavra de Deus.

Alguns símbolos são interpretados pela própria Palavra no mesmo texto. Compare Ap. 1:13, 16 com Ap. 1:20 - os castiçais e as estrelas). Outras vezes encontramos o entendimento através de outros textos. Compare Ap. 4:3 com Gen. 9:13 - o arco celeste.

Algumas interpretações são baseadas no conhecimento dos atributos de Deus, na sua forma de agir, na sua santidade, na sua onisciência, no seu amor, na sua justiça, sabendo que Deus não muda, as suas leis são perpétuas e imutáveis.

Por exemplo, vamos estudar mais para frente, que a promessa feita a Abraão há quatro mil anos atrás, ainda está sendo cumprida e continuará em vigor até mesmo nos dias futuros do Apocalipse. Também a título de exemplo, da mesma forma que Deus livrou Noé e sua família da tormenta do dilúvio por serem fiéis, podemos concluir que Deus também livrará a igreja, pura e imaculada, das tormentas da grande tribulação que há de vir sobre o mundo. Deus não usa dois pesos e duas medidas.

Algumas mensagens nunca serão reveladas por Deus por serem mistérios que, por algum motivo, não convém que sejam reveladas (Deut. 29:29; Mat. 24:36; Ap. 10:4; Atos 1:7)

Existem também mistérios que Deus revela somente para quem Ele determinar no tempo oportuno, nem antes, nem depois (João 13:7; Dan. 12:8-9)

Existem também as interpretações falsas e perigosas, nascidas na mente humana e sem qualquer base na Palavra de Deus, essas são naturalmente desaprovadas por Deus (2Ped. 3:16).

Por esse motivo, alertamos sobre a importância de estarmos desarmados diante de Deus, estarmos totalmente atentos e submissos ao Espírito Santo e estarmos sempre alimentados com a Palavra de Deus, caso contrário certamente cairemos no erro e no engano. Toda interpretação e todo entendimento devem estar fundamentados na própria Palavra de Deus.

Através deste estudo vamos conhecer todo plano de Deus para redenção do homem, vamos aprender o que realmente vai acontecer no futuro. O sol vai apagar? As estrelas do céu cairão sobre a terra? O nosso planeta vai explodir? Quem são os quatro cavaleiros do Apocalipse? O que significam as sete trombetas e as sete taças? Quem é a besta do Apocalipse? Quem serão os 144000 assinalados? A igreja passará pela tribulação? Como será a vida no milênio? Quem estará presente no juízo final?

Todas esta perguntas e outras mais serão respondidas durante o estudo, e todas com amparo na própria Bíblia.

Ainda como introdução estaremos apresentando uma visão panorâmica de toda história da humanidade sob o ponto de vista do plano de Deus para com os homens, desde a criação até o Apocalipse.


Como interpretar o livro de Apocalipse


Há três escolas de interpretação do livro de Apocalipse:

1. A interpretação preterista

  • Tudo o que é profetizado no livro de Apocalipse já aconteceu. O livro narra apenas às perseguições sofridas pela igreja pelos judeus e imperadores romanos. O livro cumpriu seu propósito de fortalecer e encorajar a igreja do primeiro século.
  • Essa corrente falha em ver o livro como um livro profético, pertinente para toda a história da igreja.

2. A interpretação futurista

  • Tudo o que é profetizado no livro a partir do capítulo 4 tem a ver com os últimos dias sem nenhuma aplicação na história da igreja. Também essa escola não faz justiça ao livro que foi uma mensagem atual, pertinente e poderosa para todos os crentes em todas as épocas.
  • Esse livro não tinha nenhum conforto para os crentes primitivos nem para nós.
  • Transfere o Reino de Deus para o futuro milenar, enquanto sabemos que o Reino já veio e estamos no Reino.

3. A interpretação histórica

  • O livro de Apocalipse é uma profecia da história do Reino de Deus desde o primeiro advento até o segundo.
  • O livro é rico em símbolos, imagens e números: ele está dividido em sete seções paralelas progressivas: sete candeeiros, sete selos, sete trombetas e sete taças.
  • Agostinho, os Reformadores, as confissões reformadas e a maioria dos grandes teólogos seguiram essa linha.

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